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23 dez 2024, seg

A grande jogada do Facebook: A verdade por trás dos Stories e além

Você já se perguntou se o Facebook realmente teve uma ideia original quando implementou os stories no Instagram e no próprio Facebook? A história é mais intrigante do que parece. E, curiosamente, essa não foi a primeira vez que o império de Mark Zuckerberg se inspirou — ou, para muitos, copiou descaradamente — inovações de concorrentes menores. Vamos mergulhar fundo nessa narrativa cheia de polêmicas, estratégias brilhantes, fatos controversos e, claro, números que mostram o impacto colossal que essas decisões tiveram no mercado. E o Snapchat? Bem, ele ainda está por aí, mas certamente nunca mais foi o mesmo.

Como tudo começou: Uma ideia revolucionária… ou apenas “emprestada”?

Os stories foram introduzidos originalmente pelo Snapchat em 2013, uma ideia simples, mas inovadora: fotos e vídeos efêmeros que desaparecem após 24 horas. Essa funcionalidade deu uma nova dimensão à comunicação digital, permitindo que os usuários compartilhassem momentos rápidos e menos “polidos”, sem o medo de que fossem eternizados na internet. O sucesso foi explosivo, e o número de usuários ativos no Snapchat disparou para centenas de milhões em poucos anos.

Mas então, em 2016, algo curioso aconteceu. O Instagram, pertencente ao Facebook desde 2012, lançou sua própria versão de stories. Sim, o nome e o conceito eram idênticos. Coincidência? Não exatamente. Apesar de muitas pessoas se perguntarem se o Snapchat tinha patenteado essa funcionalidade, a verdade é que a ideia de conteúdo temporário não era algo patenteável. O Facebook sabia disso e aproveitou.

O impacto foi brutal. Em questão de meses, o número de usuários ativos diários do Instagram superou o do Snapchat, especialmente no que se referia ao uso de stories. A versão do Facebook parecia mais integrada, mais fluida e, principalmente, estava disponível para uma base de usuários muito maior.

Outras “inspirações” que mudaram o jogo

O caso dos stories não foi um evento isolado. Antes disso, o Facebook já tinha uma longa história de “inspirar-se” em ideias que surgiam em outras plataformas menores. Vamos revisitar algumas:

  1. WhatsApp e o Messenger: Quando o WhatsApp começou a dominar a comunicação instantânea, o Facebook rapidamente entrou em ação, comprando a empresa em 2014 por um colossal valor de US$ 19 bilhões. Mas, antes disso, o Messenger já vinha tentando replicar alguns dos recursos que fizeram do WhatsApp um sucesso, como a simplicidade e a praticidade nas mensagens de texto.
  2. Facebook Places vs. Foursquare: Lembra do Foursquare? Um aplicativo que permitia aos usuários “marcar” lugares em que estavam? Em 2010, o Facebook lançou o Places, um recurso que imitava essa funcionalidade. Embora não tenha sido um sucesso estrondoso, ele marcou o início da estratégia agressiva do Facebook de eliminar a concorrência por absorção de funcionalidades.
  3. Reels e o TikTok: Em tempos mais recentes, o TikTok se tornou o novo fenômeno global, principalmente entre os jovens. A resposta do Facebook? O Reels, uma funcionalidade dentro do Instagram que permite criar e compartilhar vídeos curtos, em um formato muito semelhante ao do TikTok.

Curiosamente, essa estratégia de “copiar” ou adquirir parece fazer parte do DNA da empresa. Ao longo dos anos, o Facebook (agora Meta) demonstrou que, quando uma ideia ameaça seu domínio, sua primeira resposta é integrar, em vez de inovar a partir do zero.

A queda (ou não) do Snapchat

Agora, voltando ao Snapchat. O que aconteceu com ele? Depois de ter sido o pioneiro no formato de stories, a empresa enfrentou uma queda substancial de crescimento. Em 2017, após o lançamento dos stories no Instagram, o número de usuários do Snapchat parou de crescer. Os relatórios financeiros da empresa mostravam que o crescimento da base de usuários estava desacelerando, enquanto as ações despencavam mais de 40% após sua abertura de capital.

Mesmo com uma base fiel de jovens usuários, o Snapchat nunca mais conseguiu alcançar os mesmos níveis de crescimento que teve antes de o Facebook entrar no jogo. A sua relevância hoje, embora ainda sólida em algumas regiões, está muito longe de ser o fenômeno global que poderia ter sido se não fosse a “inspiração” do Facebook.

E quanto ao aspecto financeiro? O Snapchat ainda gera bilhões de dólares em receita anualmente, mas não chega nem perto dos números do Instagram. Enquanto o Instagram Stories acumula hoje mais de 500 milhões de usuários diários, o Snapchat, como um todo, tem cerca de 375 milhões de usuários ativos diários em 2024. Embora esses números não sejam pequenos, a diferença é marcante.

A face oculta da inovação

O que chama a atenção é como o Facebook, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, parece evitar correr grandes riscos de inovação. Ao invés de focar em desenvolver novas ideias, seu modus operandi frequentemente envolve observar o que está funcionando para outros e implementar de forma mais massiva e agressiva.

De certa forma, isso reflete o modelo de negócios que funciona na era digital. A inovação está, muitas vezes, no “aprimoramento” do que já existe e na capacidade de distribuir essa ideia para uma base massiva de usuários, que muitas vezes não se preocupa com a origem da funcionalidade. E nesse quesito, o Facebook é um mestre.

O futuro: O próximo alvo?

A pergunta que resta é: quem será o próximo alvo do Facebook? À medida que novas plataformas emergem, a estratégia de Zuckerberg e sua equipe permanece clara. Se você não pode comprar, copie e melhore.

Por exemplo, o metaverso, o novo projeto ambicioso da Meta, promete ser a próxima grande revolução digital. No entanto, plataformas como Roblox e Fortnite já estavam estabelecendo as bases desse mundo virtual muito antes. Será que veremos um cenário semelhante ao que aconteceu com os stories?

De qualquer forma, o Facebook continua a moldar o cenário digital como poucos, mas sempre com o mesmo estilo: com os olhos voltados para o que os outros estão criando. E, enquanto as ideias fluírem, o império digital de Zuckerberg provavelmente continuará a crescer, não importa quantas controvérsias e acusações de “plágio” surjam ao longo do caminho.

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